" Feliz Ano Novo Amigas Marri Gattô "
2102 chegando ao fim... 366 dias de muito trabalho, muita correria, muita luta, muitas alegrias...
Todo fim de ano sentimos nossos corações se encherem de esperanças renovadas, que tudo será melhor.
Só será melhor se vc mudar, se mudar atitudes e pensamentos, tem que partir de dentro de vc.
Deixamos abaixo o relato de uma mulher que certamente serve como inspiração para esse "recomeço".
PELO DIREITO DE TER DOBRINHAS
P.S- Excelente texto!
Eu sou gordinha. Não gordinha, como aquela sua amiga magérrima diz que
está depois de pular a cerca com um muffin bem recheado. Gorda mesmo,
bem gorda. Peso 125 quilos muito bem distribuídos em um metro e 67
centímetros de uma morena bastante simpática. Ih, peraí. O marido deu
bronca. Disse que eu não sou gorda, eu tenho dobrinhas mais gostosas que as das outras mulheres.
Venho propor um manifesto, pela liberdade dos nossos quilos a mais.
Pouquíssimas mulheres teriam coragem – e até hoje muita gente treme na
base – na hora de dizer seu peso em voz alta. Mas agora, aparentemente,
as gordinhas estão na moda. Ou não. Eu sou da opinião pessimista de que,
quando se trata de aparências e padrões, o mundo é sempre burro e sem
imaginação.
Enquanto puderem, as mulheres vão continuar
tentando caber no vestido mais curto, justo e decotado que encontrarem
pela frente. E vão ter pesadelos que envolvem o mundo descobrindo seu
verdadeiro peso. Por mais que tente se valorizar, uma mulher quando se
olha no espelho, está valorizando apenas aquilo que a sociedade acha que
é bonito nela. Está reafirmando um padrão de beleza magro e, deixe-me
dizer, bastante sem graça. Qual é o interesse de se ver sempre as mesmas
caras, as mesmas roupas, as mesmas bundas entre as mais desejadas?
E a parte triste dessa história é que essas imagens afetam
profundamente a vida de mulheres reais, que estão por aí tentando chegar
ao fim do dia sem se odiar. Momento desses, conheci uma mulher, de 27
anos, completamente virgem. A moça pesa mais de 100 quilos e nunca teve
um namorado na vida. ‘Claro, coitada, nunca deve ter tido oportunidades,
cresceu afastada dos garotos!’, disse outra conhecida quando soube da
história. Muito pelo contrário.
A gordinha é muito bonita,
extrovertida, tem papo bom, gosta de vários assuntos, sabe atrair as
pessoas. Já teve três namorados sérios, foi bastante apaixonada por dois
deles. Mas com nenhum teve coragem nem de tirar a roupa. Por mais que
eles insistissem, estivessem loucos de tesão, acendessem uma vela para
que ela liberasse a ida ao motel, nem com reza brava. Ela diz que, por
mais que ouvisse que era desejada, nunca conseguiu acreditar. Achava um
absurdo impossível que alguém pudesse sentir tesão por ela. Sendo assim,
ela mesma nunca sentiu.
E você pensa que é uma imposição dos
homens? Que o mundo masculino é uma ode ao osso-e-pele? Claro que não.
Eu já recebi todo tipo de cantada de homens que gritavam pro mundo o
quanto a Gisele Bundchen era o tipo de mulher ideal – e terminavam a
noite de olho naquele meu decote poderoso que toda mulher de respeito
tem no armário. A libertação de gritar ao mundo seu próprio peso tem que
sair das mulheres, porque esse tipo de julgamento parte da gente.
Daí o tom de inveja preconceituosa que eu ainda vejo – abismada – no
olhar de uma ou outra por aí. Solteira há muito tempo, sem perspectiva
de achar ninguém, mas acendendo cada vela a Santo Antônio que cruza o
caminho, sabe? Todo mundo conhece uma recalcada de carteirinha. A mulher
que olha com aquele tipo de surpresa esquisita quando descobre que eu
sou casada há dois anos, com o gordo mais incrível desse mundo, aos 25
anos e 127 quilos. Sim, 127. Engordei dois desde o começo do texto,
porque hoje é dia de pizza aqui em casa. Ou você acha que eu já nasci
com essas dobrinhas gostosas?
Por: Vana Medeiros
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